Clamores
Por Eduardo Arakaki
Por causa do pecado estávamos mortos para com Deus, destinados a condenação eterna, escravos do pecado e do diabo, nos tornamos inimigos de Deus. No jardim, logo após a queda, Deus poderia ter destruído a raça humana e recomeçado do zero, no entanto, vemos o surpreendente e grande amor de Deus indo ao encontro do homem, embora este houvesse se escondido. Assim como Adão, nos escondemos atrás de árvores (religiosidade, incredulidade, medo, etc.), mas Deus está chamando para fora deste esconderijo, porque quer que nos arrependamos e recebamos a sua graça, para vivermos com ele e para ele. Esta graça, através do sacrifício de Jesus, nos tornou filhos amados, aceitos e perdoados. Podemos correr para o pináculo de nossa fé, a acrópole da graça de Deus descrita em 1 João 3.1 – Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus.
Gosto da ideia de que a oração é uma comunicação (comunhão) íntima de um filho para com o Pai e do Pai para com o filho. Existem algumas linguagens desta comunicação, como louvor, adoração e clamor. Cada uma destas linguagens parecem surgir em momentos diferentes em nossas vidas, mas no fim, o Espírito Santo quer nos levar a uma íntima comunhão com o Pai través de Jesus.
A graça de Deus que nos salvou, não nos isenta de aflições e tribulações, mas ela nos sustenta no dia mau, e nos aperfeiçoa para sermos mais parecidos com Jesus, vamos ver o que a Bíblia diz a respeito.
João 16.33 – Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.
Atos 14.22 – Fortalecendo a alma dos discípulos, exortando-os a permanecer firmes na fé; mostrando que, através de muitas tribulações, nos importa entrar no reino de Deus.
Hebreus 5.8 – embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu.
Também li uma frase certa vez, que dizia: “Deus forma seus filhos na divina universidade do sofrimento” Lenard Ravenhill.
Os clamores surgem em momentos de aflição, onde parece que Deus quer mostrar aos seus filhos que ELE é a rocha e o socorro, em quem devemos buscar refúgio e confiar. Costumo dizer que o clamor é a oração que entra de maca na emergência do céu, vamos observar na palavra alguns clamores e respostas de Deus.
EZEQUIAS – 2 REIS 18 – 19.
Ezequias foi rei em Judá, filho de um pai mau e idólatra, que chegou a queimar um de seus filhos em um dos sacrifícios que fazia. No entanto, quando assumiu o trono, a palavra testemunha que – Confiou no Senhor, Deus de Israel, de maneira que depois dele não houve seu semelhante entre todos os reis de Judá, nem entre os que foram antes dele. Porque se apegou ao Senhor, não deixou de segui-lo e guardou os mandamentos que o Senhor ordenara a Moisés. 2 Rs.18.5-6.
Diferente de seu pai, Ezequias se voltou ao Senhor e removeu a idolatria de Judá. Mesmo assim, Deus não o poupou de passar por aflições, primeiro com o rei da Assíria, que tinha um grande exército e havia vencido vários outros reinos, e estava afrontando a Deus e a ameaçando o reino de Judá. Em seguida, a própria morte anunciada pelo profeta Isaías, da parte do Senhor. Em ambas aflições, vemos o clamor de Ezequias, e o Senhor, em sua infinita misericórdia, responde dando vitória sobre o rei da Assíria, não permitindo que uma só flecha fosse lançada contra o reino de Judá. Como também curando da doença mortal, dando por sinal retrocedendo o sol (relógio de Acaz), movendo o universo por um coração que clamava.
ANA – 1 SAMUEL 1.
Ana era uma mulher que sofria por ser estéril, e porque sua rival a importunava por ter filhos e ela não. Por causa disto, ela chorava, jejuava e adorava no templo. Certa vez ela clamou de tal forma, que apenas mexia os lábios, sem sair som de sua voz, ao ponto de o sacerdote achar que ela estava embriagada.
Existe uma oração além da linguagem, como certa vez um irmão disse: “É melhor orar com o coração, ainda que sem palavras, do que com palavras e sem coração”. John Bunyan.
1 Sm.1.19-20 – lembrando-se dela o Senhor, ela concebeu e, passado o devido tempo, teve um filho, a que chamou Samuel, pois dizia: Do Senhor o pedi.
MARIA MADALENA – JOÃO 20.11 – 18.
Esta irmã havia sido libertada pelo Senhor, de sete demônios (Lc.8.2), e servia acompanhando Jesus e os apóstolos no ministério. Após a morte e sepultamento de Jesus, ela chorava no túmulo, por não haver encontrado o corpo do seu amado Senhor lá, pois ele havia ressuscitado. Ela pensava o corpo tinha sido roubado, então apareceram dois anjos, não obstante, ela continuava a clamar por Jesus. Ele ia estar com os discípulos e depois ser exaltado ao céu. No entanto, os discípulos tiveram que esperar, o céu teve que esperar, porque havia um coração de uma de suas amadas discípulas, que clamava por ele.
Um dos maiores de todos os privilégios, que certamente todos os santos do passado, presente e futuro desejariam ver, Jesus Cristo ressurreto, a primeira pessoa a vê-lo foi Maria Madalena, da qual ele expeliu sete demônios.
ISRAEL – JUÍZES 10.16.
O povo de Israel havia se desviado do Senhor, e por consequência estavam em desgraça por seus pecados, pois haviam provocado a ira do Senhor servindo aos falsos deuses. Quando se viram em angustia, caindo em si, clamaram ao Senhor por livramento. Deus respondeu para que eles clamassem aos falsos deuses em quem eles haviam posto a confiança, no entanto, eles continuaram a clamar pelo Senhor. Surpreendentemente, vemos mais uma vez o livramento de Deus em sua graça, como diz em Tiago 2.13 – A misericórdia triunfa sobre o juízo.
Juízes 10.16 – E tiraram os deuses alheios do meio de si e serviram ao Senhor; então, já não pôde ele reter a sua compaixão por causa da desgraça de Israel.
JESUS CRISTO – HEBREUS 5.7
Ele, Jesus, nos dias da sua carne, tendo oferecido, com forte clamor e lágrimas, orações e súplicas a quem o podia livrar da morte e tendo sido ouvido por causa da sua piedade,
Uma das interpretações para este texto, é que se referia ao Getsemani, que foi um momento de grande aflição, o fato é que o nosso Senhor também se entregou as lágrimas e clamou. Praticando aquilo que se refere em Salmo 121.1-2 – Elevo os olhos para os montes: de onde me virá o socorro?
O meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra.
ESPÍRITO SANTO – ROMANOS 8.26
Bendito seja o nosso amado Senhor Jesus Cristo, que não nos deixou órfãos e mesmo não sabendo orar como convém, temos um intercessor, o Espírito Santo. Não estamos sozinhos!
Romanos 8.26 – Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira, com gemidos inexprimíveis.
Mesmo que estejamos passando por perseguições ou enfermidades de morte, como Ezequias. Ou sofrendo por sonhos que parecem distantes, que nos levam as lágrimas e clamores sem vozes, como Ana. Talvez como Maria Madalena, que queria ver a Jesus pensando que o mesmo não estava lá. Ou como o povo de Israel, que estava em desgraça por haver abandonado ao Senhor. Vamos clamar, lembrando como começamos este texto, da sua maravilhosa graça.
Salmo 50.15 – invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás.
Hebreus 4.16 – Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna.