Semana de 20 a 26 de dezembro de 2020
Leitura: Mateus 5.27-32
Neste trecho, Jesus fala da quebra da lealdade na aliança do casamento. Como acontece em todo o sermão do monte, aqui também Jesus aponta para além do natural, nos alertando que os olhos de Deus estão nas coisas eternas e espirituais, mesmo ao tratar de realidades bem concretas de nosso dia a dia.
O pano de fundo do casamento terreno é a união entre Cristo e a igreja, que é composta de pessoas que Ele comprou com seu próprio sangue; uma união eterna, tremenda, maravilhosa e incompreensível em toda a sua extensão. Esse casamento eterno é precedido por uma aliança, com promessas de ambos os lados. Jesus cumprirá cada detalhe do que prometeu: vai limpar, aperfeiçoar, preparar e, finalmente, buscar a sua noiva. Mas e quanto a nós? Estamos sendo fiéis em nossa parte da aliança? Vemos ela como uma aliança inquebrável?
Ao falar do casamento como evento da vida terrena, Jesus aponta para uma realidade eterna e espiritual: a união com Cristo é uma só e nenhuma outra aliança pode substituí-la. Podemos dizer que concordamos com isso e que estamos firmes em nossa postura de aguardar o noivo, sem quebrar as promessas que fizemos a Ele. Porém, mais uma vez, os olhos do Senhor vão para o nosso interior, para as intenções do coração. Ele compara o olhar com impureza na direção de outra pessoa, com a nossa atenção para outro “noivo” ao invés de olhar somente para Jesus. E quando aborda este assunto, Jesus acrescenta: isto é adultério.
Muitos são os concorrentes de Cristo diante dos nossos olhos. Alguns são claramente identificáveis (a ira, a inveja, a idolatria, o amor ao dinheiro), outros nem tanto (as preocupações deste mundo, as pretensões desta vida). Quando olhamos e cobiçamos algo que acreditamos que poderia nos dar mais prazer, deixando o Senhor de lado, estamos praticando um olhar impuro e danoso que nos separa do nosso noivo eterno. Até mesmo as coisas lícitas podem entrar nesta categoria. Isso acontecerá se elas tomarem o lugar de Cristo em nosso coração. Nada pode ser maior que nosso amor por Ele; nada deveria nos dar maior prazer do que Sua presença.
Com muita sabedoria, Jesus trata a realidade terrena e a realidade espiritual dando, para ambas, a mesma solução: “se teu olho te faz tropeçar, arranca-o e lança fora”. Embora Jesus tenha usado o olho físico como exemplo, seu alvo era a intenção impura que estava por trás do olhar, ou seja, primeiramente, queria levar o discípulo a identificar em sua vida o que pode levá-lo a pecar e, uma vez identificado, tratar esse assunto com radicalidade, mesmo que isso inclua perdas aqui neste mundo. Se amamos ao Senhor, precisamos arrancar fora não somente a impureza do olhar e a cobiça sexual, mas também quaisquer coisas desta vida que estejam nos afastando de Jesus. Vamos rejeitar o adultério no coração, nos pensamentos, no olhar e na vida conjugal, bem como sua manifestação mais profunda, que é na nossa comunhão com Jesus Cristo.
Somos a noiva virgem, com vestes brancas e sem manchas, que aguarda o Noivo em santidade. Nada pode competir com a beleza e a riqueza deste quadro, desta promessa de casamento. Se algo mais está nos fascinando, devemos ser corajosos e lançar para fora e para longe do nosso coração.
Compartilhem uns com os outros se o Espírito lhes mostrou algo que está desviando seus olhos de Jesus. Orem, intercedam, perdoem, estimulem-se mutuamente a olhar somente para Jesus e a permanecerem fiéis até o fim.