SÉRIE: A VIDA NORMAL DA IGREJA (A obra permanente de Deus na igreja, Atos 27 e 28)

Semana de 15 a 21 de maio de 2022

Os dois últimos capítulos de Atos mostram a parte final do ministério de Paulo, especialmente a sua viagem para Roma com “escala” em Malta após o naufrágio do barco em que viajavam. Também mostra parte do tempo que ficou aprisionado à espera de seu julgamento, o que lhe permitiu fortalecer os irmãos daquela jovem igreja.

O que o livro de Atos não mostra diretamente é que, mesmo Paulo estando preso, o evangelho não foi aprisionado. O apóstolo, mesmo abandonado por quase todos e sofrendo por uma prisão injusta, não se deixou dominar pelos sentimentos, mas manteve sua prática normal de testemunhar de Cristo, a ponto de que os guardas que o vigiavam foram evangelizados pelo prisioneiro (Fp 1.12).

Paulo também pôde conhecer um cuidado e uma paz sobrenatural do Senhor sobre sua vida. No meio dessa difícil situação, o Senhor lhe abriu novos horizontes para conhecer o coração e os planos de Deus para o seu povo. Vemos isto nas mensagens profundas e impactantes das cartas para as igrejas dos efésios, dos filipenses e dos colossenses, e também na carta para Filemon. Todas estas cartas, além de cooperarem com um tremendo desvendar do propósito eterno de Deus, são muito práticas e aplicáveis ao dia a dia da vida do discípulo. 

Aos olhos humanos, considerando o progresso do trabalho de Paulo na expansão do Reino, sua prisão e posterior morte são um desperdício. Mas essa era a boa, agradável e perfeita vontade de Deus, que só pode ser entendida quando há renovação de mente. O sofrimento DO servo não tem valor para Deus, exceto se, por meio dele, o Senhor pode fazer NO servo um trabalho ainda mais profundo, de santificação e purificação. Por mais contraditório que isso possa parecer, quando Deus consegue concluir essa obra “invisível” no interior do homem, o sucesso da obra “visível” é ainda maior. Esta é a obra (ou o princípio da cruz) que vemos em Cristo, em Paulo, nos demais apóstolos e em toda igreja ao longo dos séculos.

É interessante que o livro de Atos termine dessa forma porque parece apontar para um fim melancólico. Mas sabemos que não foi assim. Começando por Roma, o evangelho chegou a toda Europa e de lá para muitos outros lugares do planeta, até os confins da Terra.

Aqui cabe uma avaliação de nossa parte, pois podemos cair em dois tipos de engano: ou nos dedicamos a uma introspecção infrutífera, muitas vezes movida por nós e não por Deus, na qual não há uma consequência prática que mostre a transformação interior; ou nos jogamos para “fazer a obra” sem considerarmos o necessário trabalho interior de Deus, gerando assim misturas e resultados não alinhados com a vontade do Senhor.

Quando olharmos a obra do Espírito Santo hoje e nossa cooperação com Ele, independentemente da situação e do contexto em que estivermos, devemos sempre lembrar dessa dupla que jamais pode ser separada: a obra em nós e a obra por meio de nós.

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