Existe um chamado claro de Deus para sermos encontramos fiéis. Ao longo das ministrações do Retiro de Páscoa de 2025, fomos ministrados sobre a fidelidade da família cristã nos tempos do fim. Diante da multiplicação do mal, degradação moral e espiritual, aumento de violência e imoralidade, somos confrontados a viver de modo ainda mais separado desse mundo, guardando a nossa fé e nossas famílias no temor do Senhor nesses tempos do fim. Em 1 e 2 Timóteo, Paulo nos adverte de que nesses dias muitos irão abandonar a fé, seguindo espíritos enganadores e doutrinas de demônios, enquanto os homens se tornarão amantes de si mesmos, ingratos, cruéis e inimigos do bem. Apesar disso ter sido escrito há quase dois mil anos atrás, esse quadro é ainda mais antigo, não sendo uma novidade nos tempos de Paulo nem muito menos nos nossos. Esse cenário nos remete aos dias de Noé e Ló, conforme Jesus mesmo adverte em Lucas 17, dizendo que naquele tempo o povo bebia, comia e se dava em casamento, até que a destruição veio de forma repentina, salvando-se somente aqueles que guardaram a fé. E da mesma maneira será a vinda do Filho do Homem, como um relâmpago que brilha de uma à outra extremidade do céu.
Ao olharmos para os dias de Noé, vemos uma humanidade completamente corrompida, onde Deus mesmo enxerga a perversidade do homem e constata que era má toda inclinação do seu coração. Diante disso, Deus envia um dilúvio tal como nunca houve antes nem depois na terra, destruindo tudo exceto a arca de Noé como juízo. Semelhantemente, nos dias de Ló, a corrupção de Sodoma e Gomorra era tão generalizada, que o Senhor desce à terra para ver se aquilo de fato era como Ele ouvia. Porém, o que mais impressiona na comparação de Jesus em Lucas 17, não é o fato dele ter escolhido os dois pontos da história em que o pecado mais havia se multiplicado, mas o fato dele enfatizar atividades cotidianas e aparentemente lícitas na sua fala: comer, beber, dar-se em casamento, comprar, vender, plantar e edificar. Com isso, Jesus mostra que tais coisas, por mais levianas que sejam, podem ocupar um lugar indevido em nosso coração, desviando-nos de Deus e nos levando à destruição eterna. De modo ainda mais sutil e sorrateiro, tais práticas quando não colocadas no lugar certo, nos distraem do foco no Senhor e no eterno, e sem perceber, nos desviamos da Sua presença. Por essa razão, o chamado é para vigilância, para que não nos amoldemos ao mundo, fixando nosso coração no que é passageiro, mas para que sejamos encontrados fiéis com o foco naquilo que é eterno.
Diante desse cenário, precisamos ter uma fé operante. Assim como Noé foi movido pelo temor a Deus, construindo uma arca e salvando toda sua família, nós somos chamados a viver uma fé que não apenas diz que acredita, mas e age e vive de acordo com essa confissão. Vemos na vida de Timóteo, que a fé que ele tinha havia sido transmitida por gerações, tendo habitado primeiramente na sua vó Loide e depois em sua mãe Eunice. Assim, somos desafiados a sermos exemplos vivos da fé, para que nossos filhos vejam em nós essa fé e busquem em Deus para viverem e terem sua fé também fundamentada nEle. Nesse contexto, o lar cristão não é apenas um refúgio do mundo e do juízo que o aguarda, mas um campo de treinamento para o propósito eterno de Deus. Criar filhos não é apenas prepará-los para um sucesso profissional, acadêmico ou emocional, mas formá-los como flechas para serem lançadas pelo Senhor, sendo dispostos a servir e sofrer por amor ao Senhor. Isso exige de nós um reconhecimento de que o Dono do lar não somos nós, mas Deus. Tudo que fazemos em casa e fora dela deve agradá-Lo, pois somos chamados a viver de modo digno do chamado, confiando na graça do Senhor para superar as dificuldades, falhas e fraquezas que temos.
Por fim, ter essa fé não significa que somos heróis, invencíveis e inabaláveis. Diante das dificuldades e fraquezas vamos desanimar ou perder aquele fôlego que tínhamos no começo. Mas isso nos lembra mais uma vez de que não é pela nossa força que vencemos o mundo, mas pela nossa fé. E ter fé significa não que nós tenhamos algo de valor por um esforço ou mérito nosso, mas unicamente pela graça e misericórdia de Deus, que opera em nós pelo seu Espírito. A fé, pois, não vem do esforço humano, mas do reconhecimento da graça de Deus que nos capacita a perdoar, amar e suportar uns aos outros, tanto dentro do lar como fora dele. Esse chamado para sermos encontrados fiéis é o mesmo chamado de Deus a Noé, para construirmos “arcas” espirituais para nossas famílias, protegendo os lares, andando segundo a Palavra de Deus e rejeitando a conformidade desse mundo. Assim, estaremos preparados para volta repentina do nosso Senhor, guardando a fé e uns aos outros nos tempos do fim.
Perguntas para reflexão nos lares e nos grupos:
1. Considerando as características dos “últimos tempos” dos tempos de Noé, Ló, Paulo e Timóteo e os que estamos vivendo agora, como a sua família tem se posicionado para não se conformar com o mundo, mas viver a fé operante?
2. De que maneiras práticas você e sua família podem demonstrar que o Senhor Jesus é a pessoa mais importante em seu lar, transmitindo essa fé às próximas gerações?
3. Somos desafiados a criar filhos para o propósito de Deus. Como você pode intencionalmente direcionar a criação de filhos naturais e espirituais para que sejam flechas lançadas pelo Senhor?