DCEC: Semana de 21 a 27 de julho de 2025

A vontade humana, enquanto faculdade dada por Deus, é parte essencial da alma, ao lado do intelecto e das emoções. Ao contrário do uso popular da palavra, vontade não é meramente um desejo ou inclinação momentânea, mas a capacidade de tomar decisões livres. Esta é a dimensão da alma à qual o Evangelho se dirige de forma mais direta. Embora a mensagem de Cristo impacte intelecto e emoções, seu objetivo é provocar uma resposta voluntária e consciente. Jesus afirmou: “Se alguém quiser vir após mim”, demonstrando que o chamado cristão exige uma decisão. A vontade, portanto, ocupa um lugar central na relação entre o homem e Deus, sendo respeitada por Ele mesmo quando conduz a escolhas erradas, como na queda de Adão e Eva. O inimigo espiritual, Satanás, também não tem poder para anulá-la, o que demonstra sua soberania no exercício, embora não na eficácia.

Essa soberania, porém, não isenta a vontade de estar exposta a influências externas. A própria decisão é moldada por informações e impressões que o ser humano recebe e processa. Deus atua nesse processo por meio do Espírito Santo, que convence, persuade, mas não obriga. A atuação divina é respeitosa e amorosa, conduzindo a alma ao arrependimento mediante a revelação da verdade. Por outro lado, há forças destrutivas que competem pela influência sobre nossas escolhas. A carne — resquício da natureza caída — grita por satisfação e deseja dominar nossas decisões. Satanás, com sua habilidade de mentir e enganar, utiliza-se da falsidade e do medo como instrumentos de pressão. O mundo, por fim, constitui um sistema inteiro organizado para oferecer estímulos à carne, operando como um mercado onde desejos são constantemente alimentados.

A exposição a essas influências foi ilustrada biblicamente por dois episódios: a queda no Éden e a tentação no deserto. Adão e Eva se deixaram persuadir por Satanás, ignorando a palavra de Deus e aceitando uma narrativa falsa, o que levou a uma decisão catastrófica. A vontade deles foi moldada pelo engano, não pela verdade. Em contraste, Jesus resistiu ao mesmo inimigo recorrendo à Palavra escrita. Apesar de ser a Palavra encarnada, Ele combateu cada tentação citando as Escrituras, mantendo-se firme em sua identidade e lealdade ao Pai. A vitória de Cristo mostra que a vontade só pode permanecer firme quando alicerçada na verdade de Deus, sem espaço para o diálogo com o erro.

Proteger a vontade, portanto, exige intencionalidade. A Bíblia ensina a buscar as coisas do alto e alimentar a mente com aquilo que fortalece o espírito. A dedicação às coisas celestiais não é apenas uma devoção piedosa, mas uma estratégia prática de blindagem contra influências destrutivas. Os pensamentos que cultivamos moldam nossas escolhas. Da mesma forma, a vida comunitária no corpo de Cristo é fundamental: por meio da instrução mútua e do conselho entre irmãos, cada discípulo encontra força e sabedoria para permanecer firme. O discipulado não é um projeto individualista, mas um caminho trilhado em comunhão.

A conclusão inevitável é que nossas decisões precisam ser continuamente submetidas à influência da Palavra de Deus e do Espírito Santo. A carne, o diabo e o mundo nunca cessarão de tentar nos afastar do centro, onde Cristo deve estar. Manter a vontade protegida é uma batalha diária, mas plenamente possível quando fundamentada na verdade, na comunhão dos santos e no poder do Espírito.

Perguntas para reflexão nos grupos nas casas:

  1. Quais têm sido as principais influências sobre minhas decisões no cotidiano — e como posso discerni-las melhor?
  2. O que significa, na prática, buscar as coisas do alto e alimentar minha mente com a Palavra de Deus?
  3. De que forma a comunhão com outros discípulos pode fortalecer minhas decisões e me proteger espiritualmente?

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