SÉRIE: A VIDA NORMAL DA IGREJA (O evangelho completo, Atos 17 e 18)

Semana de 24 a 30 de abril de 2022

O título deste tópico sugere que, se há um evangelho completo, há também um evangelho incompleto. Na verdade, o evangelho do Senhor Jesus é pleno e completo para fazer prosperar Sua vontade na vida de todo aquele que crê. Mas, ao longo dos séculos, a igreja foi destacando e dando ênfase a um ou outro aspecto desse evangelho completo. Nos acostumamos com isso, considerando as diferentes doutrinas e, às vezes, pensando que esta ou aquela “linha” é melhor ou pior do que as outras.

Muitas vezes, nosso serviço acaba sendo parcial ou incompleto, não permitindo que o Espírito Santo guie cada situação e, dessa forma, tenha plena expressão no seu maior objetivo: anunciar e glorificar a Cristo. Por isso, devemos olhar para o que o livro de Atos registrou sobre a pregação e a vida da igreja naqueles primeiros anos, como vemos, por exemplo, nos relatos dos capítulos 17 e 18, envolvendo as cidades de Tessalônica, Beréia, Atenas e Corinto.

Ao pregarem na sinagoga de Tessalônica, a Palavra de Cristo encontrou lugar no coração de muitos, mas Paulo e Silas foram rejeitados por um grupo de judeus que causaram grande confusão na cidade. Eles poderiam ter se intimidado com isso, mas pregaram com autoridade, não se importando com as consequências do ataque de alguns, porque sabiam que os outros ouvintes não rejeitariam o evangelho. Destes surgiu a igreja dos Tessalonicenses.

Já em Beréia ocorreu algo muito diferente: tanto os judeus, quanto os gregos que conheciam a lei e os profetas, “receberam a palavra com toda a avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram, de fato, assim” (At 17.11). A chave para entendermos essa diferença é a expressão “com toda avidez” e não a ideia de que os de Beréia eram melhores que os outros. Esse “desejo intenso” (significado de avidez) pela vinda do Messias e pelo cumprimento da vontade de Deus, fez com que eles dessem ouvidos à pregação e fossem buscar maior revelação, tal como Paulo havia feito nos anos seguintes à sua conversão. Conhecer as escrituras é de suma importância, mas esse conhecimento não terá valor se, de fato, não rendermos nossa mente e nossa vontade à vontade de Deus expressa nas Escrituras.

Na sequência, Paulo foi a Atenas e, enquanto esperava seus companheiros, pregou aos atenienses no local onde os intelectuais se encontravam e podiam expor sua sabedoria. O areópago era um lugar de grandes oradores, e Paulo, que tinha naturalmente tal capacidade, mas era um homem cheio do Espírito Santo, foi convencendo os atenienses usando um detalhe da sua própria religião. Tudo mudou quando ele fez menção ao Cristo ressurreto, o que era demais para a maioria daqueles “homens sábios”. Mesmo que naquele dia alguns poucos tenham crido, não há registro no livro de Atos de uma igreja ou grandes legados do ministério apostólico em sua passagem por Atenas.

Em Corinto vemos um contraste, como dito pelo próprio Paulo sobre sua atuação naquelela cidade: “A minha palavra e a minha pregação não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a fé que vocês têm não se apoiasse em sabedoria humana, mas no poder de Deus” (1 Co 2.4-5). O primeiro capítulo da primeira carta aos Coríntios também mostra como Paulo define o que é sabedoria aos olhos de Deus e dos homens, bem como a inutilidade da sabedoria humana para obter a vida eterna.

Nestas quatro cidades, os apóstolos estiveram diante de pessoas diferentes, contextos diferentes e reações diferentes. O conteúdo de sua pregação nunca mudou, mas, como eram guiados pelo Espírito Santo, tiveram graça e sabedoria de Deus para se posicionarem conforme a necessidade de cada momento e de cada pessoa. Assim é o evangelho perfeito e poderoso de nosso Senhor Jesus.

O que aprendemos com estes dois capítulos de Atos é que a proclamação do evangelho, bem como a vida da igreja, tem que ser completa como ele é. Completa no que se refere ao fundamento bíblico, manifestação do poder do Espírito (os sinais que Jesus mencionou), sabedoria, discernimento, dedicação, abnegação e entrega e amor ao Senhor que nos chamou para falar Dele.

Precisamos avaliar nossa vida e ministério sob essa perspectiva. Estamos limitados em alguma ênfase, preferência, gosto, pensamento, relacionamento, ou nos entregamos totalmente ao evangelho para que o Espírito Santo nos diga o que falaremos e como viveremos (sempre de acordo com a Palavra de Cristo)?

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