Semana de 24 a 30 de julho de 2022
Em Rm 14.13, Paulo dá uma orientação muito clara àqueles irmãos sobre algo que não deveriam fazer: “deixemos de julgar uns aos outros”. Na sequência, ele acrescenta: “tomem a decisão de não pôr tropeço ou escândalo diante do irmão”. O motivo era cuidar para que o irmão, que poderia ser julgado por seus atos ou intenções, não venha a tropeçar por causa do julgamento a seu respeito. Ora, esta palavra está baseada no que disse Jesus em Mt 7.1-5 e Lc 6.37-38, onde o Senhor condena aqueles que aplicam um critério de julgamento ao seu irmão, mas que não fazem o mesmo em relação a si mesmos. Por esta razão, Ele os chama de hipócritas.
Jesus vai além e fala de uma medida “transbordante” ao avaliar a atitude de meu irmão. Transbordante de amor e misericórdia, com o desejo de recuperar e salvar aquele que está no engano, sem a intenção de condená-lo. Todavia, não podemos ir a outro extremo, distorcendo tais afirmações e não fazendo nada em relação ao meu irmão quando o vir em situação de pecado. Nem Jesus, nem Paulo disseram isso.
Deus, que é o perfeito e supremo juiz, conhece as fraquezas dos homens e tem compaixão do pecador, porque tal caminho o leva para longe Dele, cada vez mais perdido e sujeito ao julgamento eterno e definitivo. O trabalho de Jesus é para que a luz vença as trevas na vida dos homens, e que o pecado seja abandonado, permitindo, assim, a vinda da salvação e da vida eterna. Nosso trabalho também tem que ser assim. Mas como fazer isso sem incorrer nos extremos da condenação ou da omissão?
O próprio livro de Romanos começa a nos dar a resposta. Aliás, o versículo 13 que lemos começa com a expressão “portanto” (NAA), o que nos aponta ao que está dito nos versículos anteriores. E o capítulo 14 começa dizendo assim: “Acolham quem é fraco na fé” (Rm 14.1). Este é o princípio. Qualquer ação de nossa parte quanto aos enganos ou diferenças de opiniões de nosso irmão, ou ainda no tratamento de situações de pecado (onde há intenção de mudança) deve estar embasada no desejo de acolhimento, assim como Jesus nos acolheu (Rm 15.7), para a glória de Deus.
Se isto está bem firme em nosso coração, podemos ir para o segundo passo: “Instruam e aconselhem-se mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus com salmos, hinos e cânticos espirituais, com gratidão no coração” (Cl 3.16).
A omissão não é uma opção. Vendo o erro, o engano ou o pecado, precisamos acolher e mostrar a verdade ao nosso irmão. Não para condenar, mas para salvar. É a verdade do evangelho, dita com amor e cuidado, e conduzida pelo Espírito Santo, que pode atingir o coração do que está se perdendo.
Uma vez que a verdade foi exposta e ensinada, agora vem o terceiro passo: “exortai-vos”, que significa animar, fortalecer, reforçar o ensino e a prática (muitas vezes com o próprio exemplo), como dito em Hb 3.13.
Segundo esse texto, o pecador pode se endurecer, cauterizando a consciência e perpetuando o engano. Isso acontece quando o pecado não é confessado, tratado (da maneira certa), e abandonado. Isso faz com que o irmão não tenha forças para sair da situação, ou mesmo nem saiba como buscar esse poder libertador da graça. Nestas horas, a atitude de quem o ama deve ser estar junto, fortalecendo, orando, e ajudando no processo de mudança.
Que sejamos cada vez mais cuidadores uns dos outros. Não fiscais, mas pastores, amigos e verdadeiramente irmãos que se amam mutuamente.