Semana de 05 a 11 de março de 2023
No século I, Roma era a cidade mais importante do mundo e uma das maiores em termos de população, com cerca de um milhão de habitantes. Eles eram romanos, gregos, judeus, árabes, africanos, diversos povos bárbaros, alguns livres e outros escravos. A mesma diversidade acontecia com a cultura e a religião de todos estes povos, já que uma característica de dominação e aceitação da “pax romana” era a tolerância e até a incorporação de culturas e divindades dos povos que se sujeitassem ao governo de Roma.
Nessa mistura de raças, culturas e religiões, havia um ponto em comum: todos eram escravos do pecado, distantes de Deus e da verdade. A resposta a este problema era, até então, a lei de Moisés e as tradições judaicas, que vinham ganhando cada vez mais admiradores e praticantes, pessoas estas que buscavam a Deus com sinceridade, mas não encontravam nas religiões pagãs nada que fizesse sentido em seu interior.
Quando judeus e alguns soldados romanos convertidos a Cristo começaram a anunciar que o messias, prometido na lei e nos profetas, havia se tornado homem, vivido sem pecado, morrido para nos perdoar e ressuscitado para que fôssemos justificados diante do Pai, muitos se converteram e passaram a viver conforme o que estavam aprendendo de Cristo, antes mesmo de terem os evangelhos ou muitas das cartas dos apóstolos.
Como a referência de costumes ainda era o judaísmo, é provável que eles praticassem muitos dos costumes dos judeus. No ano 49, devido às confusões na comunidade judaica (por causa de Cristo), os judeus foram obrigados pelo imperador Cláudio a saírem de Roma (Atos 18), aumentando os questionamentos entre os gentios sobre a necessidade ou a validade dos costumes judeus para obtenção da salvação e da nova vida em Cristo. Alguns anos depois, quando os judeus retornaram, a igreja estava com dificuldades de funcionar na base da unidade e muitas dúvidas ainda existiam.
Paulo, então, foi levado pelo Espírito Santo a intervir nas dificuldades que haviam surgido na igreja e a encaminhá-los ao cumprimento do propósito eterno de Deus, que envolve uma “família”, ou seja, algo totalmente coletivo. Mas, antes de orientar sobre a vida em comum e a obra (o que acontece a partir do capítulo 12), ele traz um claro fundamento para a fé e a vida de cada pessoa, seja judeu ou gentio, desde aquele tempo até hoje.
O assunto básico da carta é a salvação. Salvação obtida pela fé na pessoa e na obra de Jesus, e não por obras do homem. No entanto, Paulo vai deixar claro que, uma vez livres da condenação do pecado, somos separados deste mundo e livres também da escravidão do pecado e da carne. E a mesma graça que nos limpou e libertou, vai nos transformar à imagem de Jesus, que não pode ser alcançada pelo esforço da carne. Em resumo, é um trabalho conjunto: tudo começa do alto, em Deus, mas para que essa mudança ocorra, é preciso uma resposta do homem.
Que tipo de resposta é essa? Uma simples crença interior? Obediência aos mandamentos? Como conciliar a fé e os mandamentos? E o que tem tudo isto a ver com a minha vida em comunidade? O ponto inicial, básico e fundamental, é saber quem é Jesus, quem nós somos, e como a graça nos alcançou.
Sem isso claro e aceito em nosso íntimo, haverá espaço para justiça própria, soberba e divisão, mesmo que de forma muito velada. Mas, quando confrontados com a realidade triste do pecado, a alegria da salvação nos ajuda estarmos numa posição de humildade, satisfeitos pela obra de Cristo, aceitando o meu irmão e ajudando-o na caminhada em direção ao propósito eterno de Deus. Assim começa a carta de Romanos, que, a cada novo versículo, vai se aprofundando sobre a vida em Cristo, individual e coletivamente.
Nesta nova série, nós vamos ler, meditar e estudar ponto a ponto desta importante carta de Paulo, bem devagar, para entendermos os fundamentos da nossa fé, com constante oração no sentido de que, a cada semana, o Espírito Santo possa ministrar com cada um de nós.