Salmo 91 – Um nobre poema sobre a fé
Erasmo Ungaretti
O salmo noventa e um nos apresenta uma palavra extremamente própria para nós, cristãos, que estamos vivendo em dias nos quais o mundo inteiro está sendo abalado por uma força maligna designada por Pandemia.
Esse salmo faz parte do grupo de outros salmos cujos nomes dos autores não são apresentados. Assim, vamos supor que o autor desse salmo noventa e um seja o rei Davi, salmo feito nos dias de sua adolescência, quando cuidava das ovelhas de seu pai. No lugar em que ele se encontrava, ao surgir da escura noite, havia animais que aguardavam o momento próprio para pegarem as ovelhinhas e tê-las por alimento. Isso fazia com que o pastorzinho procurasse um lugar protegido, onde seu rebanho ficasse em segurança. Hoje, nós, humanos, nos dias em que nos encontramos, também precisamos de uma forte proteção, pois todos nós estamos sujeitos aos ataques que podem nos levar à morte. Todos nós também precisamos ter um esconderijo para não sermos visíveis e alcançados pelo nosso inimigo que está, atualmente, espalhado por quase todos os países do mundo. Louvado seja Deus, porque somos cristãos e temos um valioso lugar para nos recolher e ficarmos livres de todos os males. Esse lugar são os braços de nosso Pai, a quem o salmista designa como “o Altíssimo” e o “Onipotente” (v. 1).
O nosso previdente e amoroso Pai sempre está atento para nos proteger e nos dar abrigo, especialmente quando estamos em momentos aflitivos. Deus sempre tem um tempo reservado para nos acolher e nos livrar do mal. Quando buscamos o socorro que somente Ele nos pode conceder, de antemão ele já preparou um lugar para nos acolher nas nossas horas difíceis, lugar que o salmista designa como “o esconderijo” (v.1). Nesse lugar, o inimigo não entra pois o Altíssimo nesse lugar nos acolhe. Se estivermos nEle, o inimigo jamais nos encontrará. Sempre que estamos na Sua companhia, nós estaremos em total segurança, jamais seremos alvo do inimigo. Lembremos sempre que para entrar no abrigo divino nós não podemos ir com passos vacilantes.
Quem habita no baluarte (no refúgio) do nosso Senhor precisa ter uma consciência firme de que não será alcançado por nenhum mal. Assim, o salmista acentua algo bem próprio para nós, hoje, ao dizer: “…nem da peste perniciosa” (v. 3). O Altíssimo, a seguir,tem algo mais a dizer: Ele nos cobrirá com algo bem estranho para nós hoje: “com as suas penas” (v. 4). Para mim, ser coberto por penas não é algo novo. Na minha infância, nos dias frios do inverno, minha mãe me cobria com uma coberta cheia de penas de gansos. Isso nos fazia dormir felizes. Penas e asas, aqui nesse texto, são também uma figura de proteção e cuidado.
Quando Deus nos acolhe em seu abrigo, Ele estará nos proporcionando perder todo medo. Não teremos medo “das setas que voam de dia, nem da peste que se propaga nas trevas, nem da mortandade que assola ao meio-dia” (v. 5,6). Ele nos disponibiliza ter um espaço fechado, onde podemos nos aquecer nos momentos invernosos que os nossos problemas nos proporcionam; da mesma forma, Ele nos refrigera nos dias demasiadamente aquecidos que os nossos problemas também nos proporcionam. Deus sempre tem solução para o que nós necessitamos. E para que não haja nenhuma dúvida de nossa parte, o salmista expressa a grandeza do Pai que nós temos, designando-o com as palavra: “Onipotente e Altíssimo” (v. 1)! O zeloso Pai que nós temos não oferece aos Seus filhos somente proteção e descanso: Ele é, no dizer do salmo, “o nosso baluarte… em quem confio” (v. 2). Ou seja, Ele é aquele que nos sustenta e nos mantém firmes nas hora em que os fortes ventos querem nos desestabilizar. O nosso Pai é previdente no cuidado dos seus filhos! E o Seu Filho também vem a nós e diz: “Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve” (Mt 11. 29, 30)! O salmista nos faz lembrar que se nós fizermos de Deus a nossa morada estaremos bem seguros. Estaremos juntos Àquele que possui os dois mais elevados atributos que somente Deus possui: “Altíssimo” e “Onipotente“. Com essas duas designações, o salmista nos faz lembrar a relevância que o nosso Pai Celeste possui. Ele é quem nos ama intensamente e tem todo o poder em suas mãos. Não podemos nos distanciar dele, pois Ele é Aquele que nos diz: “Ele me invocará e eu lhe responderei; na sua angústia eu estarei com ele, livrá-lo-ei e eu o glorificarei” (v. 15). E, finalizando o salmo, afirma a última palavra do salmo: “Saciá-lo-ei com longevidade e lhe mostrarei a minha salvação” (v. 16). Amém.